42 🏕️ | Dia 06 — Superfície plácida

Rods
3 min readApr 4, 2021

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Hoje foi um dia tranquilo, principalmente por já ter conseguido concluir o Rush — que eu esperava que ia tomar todos os minutos do meu final de semana e me deixar moído. Talvez seja falsa sensação de segurança, talvez eles de fato mudem o tema faltando 1h para a entrega na segunda-feira, não tem como saber. De qualquer jeito, entrei no final de semana com o objetivo de avançar o máximo que der em C.

Não rolou como planejado, e eu acho que o problema é planejar de maneira otimista de mais. Por que uma unidade de lista (01 lista) precisa ser encerrada em uma unidade de dia (01 dia)? Quem disse que isso é razoável? Também, quem disse que não é? Só tem um jeito de descobrir, que é exatamente o que acontece ao passo que o dia termina.

Tenho sentido que estudar C é um pulo no passado, em dois sentidos. O mais óbvio, 50 anos atrás fazia total sentido disponibilizar mecanismo de alocação de memória byte por byte em uma linguagem de programação (e pensar no tanto de framework que já existe em cima de framework em cima de linguagem em cima de C hoje, isso me faz entender e apreciar a expressão “escovar bits”, embora ainda tem um longo caminho de hardware até chegar no fundo do fundo); mas também, voltar a ouvir sobre “ponteiros” e “malloc” é voltar pra um passado muito pessoal, de uma década atrás. É difícil pra mim afastar o pensamento de que estou muito atrasado, apesar de ter total ciência de que estou na porção mais “pra frente” de todo o basecamp.

Ontem fui avaliado pela mesma pessoa que avaliei no dia 01 (diz montanhas pra mim que essa foi a primeira avaliação do Basecamp). Foi muito interessante reencontrar essa pessoa no final da primeira semana, depois do exame. Foi meio que como encontrar o Gary no Pokemon Yellow, exceto que não estamos competindo, e que o Gary de fato está a caminho da liga Pokémon, enquanto que eu acabei de capturar um Ratata e um Mankey com muito sufoco. Foi também como um sentimento de retorno, de encontrar abrigo, de estar na presença de alguém maior que consegue carregar mais peso enquanto descanso — apesar de que não estarmos minimamente em proximidade no basecamp, salvo este acaso dos acasos. É bom ter alguém que sabe mais por perto, e é difícil pedir ajuda sem me sentir inadequado, ferido no ego. É difícil não olhar para esse rosto de 20 anos de idade e não pensar que estou há uma década de distância. Preciso lembrar que a vida é muito plural, muito infinita.

Algumas horas do meu dia foram empenhadas em pacientemente explicar coisas que já me confundiram muito e que demorou pra entender com o nível de clareza que tenho hoje — o que é uma função, um argumento, o void, a tabela ASCII, representações numéricas, tantas outras coisas mais. Espero sinceramente ter oferecido atalhos para alguém, mas ainda assim, sinto que é muito pouco. Tanto minha capacidade de contribuir, quanto o alcance disso. E percebo que o que eu sei não é muito, mas parece muito para quem ainda não sabe também, o que me faz pensar as tantas coisas que ainda não sei, e que daqui (ainda) não dá pra ver o fim. Esperança e desespero se misturam. É muito bom receber o feedback de que uma explicação foi boa, e é muito frustrante perceber que, de novo, estou empacado nas questões mais intricadas de uma lista. Ainda não sei se vou embora ou se fico. Ainda não sei.

Hoje foi um dia tranquilo na medida em que eu conseguir não abrir espaço para a minha frustração me dizer que eu sou pouco esperto, pouco sagaz, pouco rápido. Que amanhã seja igualmente tranquilo, e com mais momentos de descobertas e (auto)conquistas.

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